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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sou filha de Caim

Do ponto de vista do oriente do mundo, o ocidente é noite.
Na índia, quem está de luto se veste de branco.
Na Europa antiga, o negro, cor da terra fértil era cor da vida,
e o branco, cor dos ossos, era a cor da morte.
Segundo os velho s
ábios da religião colombiana do Chocó,
Adão e Eva eram negros e negros eram seus filhos Caim e Abel.
Quando Caim matou seu irmão com uma bordoada trovejaram as iras de Deus.
Diante da fúria do Senhor, o assassino empalideceu de culpa e medo,
e tanto empalideceu que branco se tornou até o fim de seus dias.
Os brancos somos, todos nós, filhos de Caim.

Eduardo Galeano - De pernas pro ar





   Essa frase citada em uma palestra que participei, ficou gravada em minha memória.
   Estereótipos, (imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação), resume exatamente o que é o preconceito. A ideia de que Jesus era branco, de que os Faraós eram brancos e de que nós brasileiros não temos nem uma gotinha de "sangue negro" correndo nas veias, também são estereótipos.
    Precisamos nos livras de sentimentos tão ruins que vão dominando nossas mentes, como o preconceito. Não vamos deixar que pessoas ignorantes, (pois a ignorância é o primeiro requisito para ser preconceituoso), nos façam vagar por esse submundo das injustiças, incluo aqui todos os tipos de preconceitos, sejam eles de raça, social, gênero, profissão, religião e tantos outros que estão rondando pessoas fracas, e incapazes de verem que é a diferença que dá sabor.

quinta-feira, 1 de março de 2012

De perto ninguém é normal

“A onça deixada para trás no nosso trajeto de humanização  nunca se dilui completamente dentro de nós, por muitos livros lidos, viagens feitas ou debates intelectuais participados. Existe sempre uma unha ou dente de onça que se manifesta quando a ocasião é propícia. Somos considerados civilizados se somos capaz de o esconder sempre do conhecimento dos outros. Mas existe todavia um pedaço selvagem permanecendo de atalaia. E ao menor pretexto damos o bote.
            Somos de uma humanidade animal.”
O planalto e a Estepe, Pepetela, p.121
No, la pintura no está hecha para decorar las habitaciones. Es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo contra el enemigo.
 ("Não, a pintura não está feita para decorar casas. Ela é uma arma de ataque e defesa contra o inimigo.")   Pablo Picasso, sobre Guernica  (Wikipédia)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mentiras...

Imagem aqui
“Afastaram-nos um do outro só por sermos de países diferentes, por um ter olhos castanhos e o outro azuis. E ao mesmo tempo gritavam vivas ao internacionalismo e à amizade eterna entre povos. Tudo mentira! Todos estes anos eu te queria dizer isso, vivemos sem o saber numa mentira permanente e continuaram sempre a mentir-nos.”

O planalto e a Estepe, Pepetela, p. 155

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O seu silêncio

“Manteiga não calha bem com mel, já sabíamos.
No mundo da natureza.
No mundo dos humanos, tudo pode calhar. Se vontade houver.
E se os poderosos permitirem.
Normalmente, os poderosos encolhem os ombros. Indiferentes à dor.
O seu silêncio marca a eternidade da separação.”

O planalto e a estepe - Pepetela, p.76 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

De perto ninguém é normal



“Um gordo abade numa cama de ouro é pouco cristão. Arrancá-lo de lá, derreter a cama para comprar pão para os pobres, isso sim, é cristão.
            E revolucionário.”
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudônimo de Pepetela


Livro: O planalto e a estepe, Pepetela, p.44

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

De perto ninguém é normal


 "Na época não conhecíamos, mas Mandela falou em criar a sociedade do arco-íris...            Mandela pensava em nós...Um continente inteiro arco-íris, com todas as cores do mundo. 
É sonho? É sonho, sim. Mas é lindo."
Nelson Mandela

livro: O planalto e a estepe, Pepetela, p.36

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

De perto ninguém é normal

“Como constaria mais tarde na minha penosa existência, os fiéis deixam de o ser ao estudarem marxismo e comunismo e enquanto lhes convinha. Mas, tempos depois, desiludidos com a vida, abandonavam o marxismo. E regressavam as religiões. Acontecia por vezes não ser a religião de origem, mas era de qualquer modo uma religião. Fraquezas, medos, interesse, sei lá.
            Não é fácil viver sem Deus.”

OBRA O GRITO (Edvard Munch)


livro: O planalto e a estepe, Pepetela, p.36

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

De perto ninguém é normal

 
Angústia (A mãe do artista 1950) - Pintado por Alfaro Siqueiros David


“Então tem mal ser amigo de pretos? Onde está Deus no meio disto tudo? ...O preto deve ser amigo do branco, era obrigado por lei e pela igreja, senão levava porrada. Os brancos é que não deviam ser amigos dos pretos. Não há equilíbrio na vida. A ideia da reciprocidade é uma falácia para enganar parvos...O homem só gosta da diferença, sobretudo a que o favorece.”

Livro: O planalto e a estepe, Pepetela, p.22

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

De perto ninguém é normal


“...Só percebi uma coisa, me acusavam de ser amigo dos pretos, o resto para mim era chinês. Mas eu não era amigo dos pretos por serem pretos, nem via bem as cores nem as cores têm importância. Era amigo dos meus amigos, isso sim. Eles não entenderam que tentei explicar.”

livro: O planalto e a estepe, Pepetela, p.21

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A jogadora de xadrez



"Numa de suas noites de combate, deu-se conta, subitamente, de que todos os grandes teóricos eram homens. Nunca ouvira falar de alguma grande jogadora de xadrez. O talento para o tabuleiro parecia residir em algum lugar dentro dos testículos. Não nos de Panis, certamente, mas com certeza nos dos grandes mestres.
E, apesar disso, não era o rei que reinava na partida."


A jogadora de xadrez - Bertina Henrichs, p.94

O peão

Na postagem anterior, está descrito como Eleni interpretou o significado de cada peça no jogo de xadrez. Mas só depois que aprendeu a jogar, foi que ela entendeu o real significado da peça mais simples do tabuleiro.










"... As peças só adquiriam sentido se relacionadas umas com as outras.
      O peão era a base do jogo, pequeno soldado servidor, avançando em linha reta rumo ao seu único objetivo: bloquear o exército inimigo ou ascender socialmente. Podia se transformar em rainha, torre ou cavalo, conforme as necessidades do jogo. Se o peão era a alma do xadrez, a rainha era o coração."






A jogadora de xadrez - Bertina Henrichs, p.94

A jogadora de xadrez



Sempre gostei do jogo de xadrez, mas vou confessar que nunca havia parado para refletir o que suas peças significavam, nem acredito que isso passou despercebido por mim. Só por isso a leitura desse livro já vai ter valido a pena.


"Dispôs os dois exércitos, frente a frente, sobre o tabuleiro.(...) Estudou, então os movimentos que as diferentes peças podiam fazer. Os peões, na primeira fileira, não lhe pareceram dignos de grande interesse. Seu trajeto era simples, imutável e sem brio.
O cavalo pareceu-lhe o mais difícil de manejar, com seus saltos caprichosos e imprevisíveis. (...)


A peça mais pontuda, que ela não tinha conseguido reconhecer no quarto 17 e que lhe incutira aquele imenso desânimo, era o bispo. Esquisito, pois seus deslocamentos eram bem mais hábeis do que os do cavalo. Não era desse modo que Eleni imaginava um bispo. 
Nem, aliás, um rei. Como é que uma figura tão imóvel podia representar um rei? Não era nenhuma especialidade em realeza, mas sempre havia imaginado uma presença onipotente, composta de muito luxo e voluptuosidade. Aquele rei não tinha nada de majestoso. Incapaz de se defender sozinho, precisava ser protegido permanentemente pelas outras peças. Era ele, no entanto que definia o jogo. Eleni refletiu por alguns instantes a respeito desse paradoxo.
Em compensação, ficou chocada com a agilidade da rainha. Peça temível, reinava sobre a partida com seus avanços rápidos e suas múltiplas capacidades. A única figura feminina era a que possuía todos os poderes. Eleni gostou dessa ideia subversiva. quase deu uma gargalhada, mas segurou-se para não acordar Panis, que não aprovaria aquele ataque de risos em plena noite. Precisava contar para Katherina o caso da rainha. Ela não iria acreditar."


A jogadora de xadrez - Bertina Henrichs, p.37

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

De perto, ninguém é normal...

"...e essa mão se fechou em torno da moeda, e a cor dessa mão era muito escura, 
mais escura ainda do que a da minha pele. E a filha dele ria e tentava abrir os dedos da mão do pai, 
e a pele dela era muito mais clara que a dele...E a mãe também ria, ajudando a filha a abrir a mão do pai,
 e a pele da mãe era clara como a de Sarah.

Eu nem tentaria explicar isso às moças da minha aldeia porque elas não acreditariam. 
Se contasse a elas que aqui neste lugar existem crianças nascidas de pais negros e brancos, 
que se dão as mãos no parque e riem juntos, elas sacudiriam a cabeça e diriam: Madame Já-fui-lá está inventando suas histórias outra vez."


Pequena Abelha - Chris Cleave - p.224

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Aventura...

O que é uma aventura? Depende de onde você sai. Menininhas em seu país se escondem no espaço entre a máquina de lavar roupa e a geladeira e fazem de conta que estão na selva, com cobras verdes e macacos ao redor. 


Minha irmã e eu costumávamos nos esconder num espaço na selva, com cobras verdes e macacos ao redor, e fingir que tínhamos uma máquina de lavar roupa e uma geladeira. Vocês vivem num mundo de máquinas e sonham com o que tem carne e osso. Nós sonhamos com máquinas porque vemos o que os que têm carne e osso fazem conosco.


Pequena Abelha - Chris Cleave, p.218

terça-feira, 6 de setembro de 2011

De perto, ninguém é normal...

EXISTE UM OUTRO MUNDO, MAS ELE FICA NESTE MESMO. (W. B. YEATS) pg.7


Então vocês já sabem que eu sou um cartunista. E acho que sou dos bons. Mas por melhor que eu seja, meus cartuns não resolvem meus problemas de dinheiro ou de comida. Eu gostaria de poder desenhar um sanduíche de pasta de amendoim com geleia, ou um punhado de notas de vinte dólares e, num passe de mágica, fazer com que se transformassem em coisas reais. Mas não sou capaz de fazer isso, nem mesmo o mágico mais faminto do mundo. 
Eu gostaria de ser mágico, mas não passo de um pobre coitado vivendo com sua família de pobres coitados em um lugar de pobre coitados...
...Querem saber qual é a pior coisa quando se é pobre? Bem, talvez vocês já tenham deduzido esta equação matemática e imaginem que:


Pobreza = geladeira vazia + estômago vazio


Claro, algumas vezes pulamos uma refeição em nossa casa, e sono é só o que temos para o jantar.
Sabe, de uma maneira estranha, a fome faz a comida ficar mais saborosa. Nada é mais gostoso do que uma coxa de frango quando se está sem comer há (aproximadamente) dezoito horas e meia....E vocês podem ter certeza de outra coisa: um bom pedaço de frango pode levar qualquer pessoa a acreditar na existência de Deus.


(Diário absolutamente verdadeiro de um índio de meio expediente - pg 17 - Sherman Alexie)


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

De perto, ninguém é normal...

Desenho o tempo todo....
Desenho porque as palavras são muito imprevisíveis.
Desenho porque as palavras são limitadas demais.
Se a pessoa escreve e fala em inglês, ou espanhol, ou chinês, ou qualquer outra língua, apenas um certo percentual da humanidade vai compreender o que ela quer dizer.
Mas quando ela desenha uma imagem, todo mundo é capaz de compreender.
Se eu desenhar uma flor, todos os homens, mulheres e crianças do mundo podem olhar para ela e dizer
 "É uma flor".
(Diário absolutamente verdadeiro de um índio de meio expediente - pg 15 - Sherman Alexie)



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

De perto, ninguém é normal...

        Ó Pequena Abelha! Admiro sua coragem!
       Como continuar lutando em meio a tanta adversidade?
       Como continuar suportando a dor da perda?
       As lembranças da desgraça?
       As memórias permanentes da imundicie que a espécie humana pode causar a seus iguais?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De perto, ninguém é normal...


...eu pensava que o mundo fosse dividido em tribos...em pretos e brancos. Em índios e brancos. Mas agora sei que não é assim. O mundo só é dividido em duas tribos: a de pessoas que são babacas e das que não são.

(Diário absolutamente verdadeiro de um índio de meio expediente - pg 236 - Sherman Alexie)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

De perto ninguém é normal

  
      Quer conhecer um pouquinho da vida de um adolescente argentino?
      Ele não é muito diferente do restante do mundo!
      - Conflitos no colégio;
      - Amor não correspondido;
      - Perseguição pela professora de matemática;
      - Convívio com a solidão e a esperança;
      - Poesias ocultas.
      O que o difere talvez seja sua forma amorosa de cuidar de seus dois irmãos;
      - A tentativa de compreensão de conceitos feministas declarados por sua mãe;
      - A utilização de palavras e expressões sábias e divertidas;
      - Seu espanto ao saber que existem sim filhos que são espancados pelos pais, e repensar seu relacionamento familiar;
      - Sensibilizar-se com a beleza do filme 'Casablanca' (confesso que fiquei curiosa para assistir em preto e branco);
      - Possuir um amigo multifacetário.
      Muitas outras coisas mais pode-se descobrir de um adolescente de 13 anos, de sexualidade galopante que possui um meio sorriso que faz uma covinha na bochecha direita.
       Mas desconfiem se é só isso que encontraram no livro. Sei o que estou dizendo! rs,rs,rs,rs

(Resenha do livro "Nunca serei um super herói - Antonio Santa Ana)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

De perto, ninguém é normal...


Uma sombra faz com que eu machuque minha irmã?
Uma sombra faz com que eu quebre meus brinquedos?
Uma sombra me manda comer, comer, comer???
Estou me esvaindo em sangue?
O que está acontecendo comigo?



Tique- tique nervoso
Lia Zatz