terça-feira, 25 de setembro de 2012

A uma esposa


Ergue um dique de silêncio,
A represar palavras
Irrecuperáveis.


Hoje o tens ao teu alcance.
Na ira que te arrebata,
Pode o látego da língua
Fustigar-lhe o coração.


Magoou-te...Mas quem sabe
Em que espinhos de amargura,
De fadiga e desencanto
Su' alma se machucou?


Hoje o tens ao teu alcance.
Mas a morte insidiosa
Talvez o leve amanhã.


Tentarás apagar o que dizes agora
Na água viva do pranto.
Em vão, o teu carinho acordará, tão tarde!
As palavras resvalam no muro da morte
E caem do lado de cá.

Helena Kolody - Sinfonia da vida, p.63

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