A represar palavras
Irrecuperáveis.
Hoje o tens ao teu alcance.
Na ira que te arrebata,
Pode o látego da língua
Fustigar-lhe o coração.
Magoou-te...Mas quem sabe
Em que espinhos de amargura,
De fadiga e desencanto
Su' alma se machucou?
Hoje o tens ao teu alcance.
Mas a morte insidiosa
Talvez o leve amanhã.
Tentarás apagar o que dizes agora
Na água viva do pranto.
Em vão, o teu carinho acordará, tão tarde!
As palavras resvalam no muro da morte
E caem do lado de cá.
Helena Kolody - Sinfonia da vida, p.63
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