"Quando criança, costumava ficar imóvel, concentrada no ruído que meus ossos emitiam ao crescer. Era inconcebível que isso acontecesse sem outro aviso que o dos sapatos, de um dia para o outro expulsos dos pés. Uma coisa importante assim devia vir precedida de uma notificação para que a gente pudesse tomar providências, agir de maneira correta. Ainda hoje parece-me malicioso que o sentido de tudo se revele somente depois, quando não há nada a fazer senão aceitar o novo tamanho e descobrir um lugar onde se caiba. Nisso os sapatos e a consciência se parecem: só quando apertam é que sabemos.”
(A vendedora de fósforos - Adriana Lunardi, p.62)
A consciência......
sempre a consciência......
Pintura da artista Kelly Vivanco