Se você pensa que os jovens e adolescentes não gostam de
participar? Engano seu. É só dar uma oportunidade para eles se expressarem que
imediatamente os colaboradores aparecem. Fato este ocorreu recentemente no
Colégio Estadual de Dois Vizinhos, quando os educadores da biblioteca tiveram a
iniciativa de oportunizar aos estudantes, a participarem da Hora da Leitura,
com uma ação diferente, tornando este momento mais significativo e
interessante.
Para dar significado expressivo ao momento, foram convidados os estudantes que
caracterizados de Charles Chaplin leram um dos mais belos textos do século XX,
“O último discurso”, que faz parte do filme “O Grande Ditador”, dirigido e
estrelado por Charles Chaplin, lançado em 15 de outubro de 1940, satirizando o
nazismo, o fascismo e seus propagadores, Adolf Hitler e Mussolini. Foi o
primeiro filme falado de Chaplin. O texto se faz, ainda, atual para a reflexão
sobre o poder e sobre o futuro das relações humanas.
Alunos(as) amados(as) do Colégio Estadual de
Dois Vizinhos, que toparam desenvolver essa tarefa junto conosco, foi
maravilhoso ver e sentir a emoção que vocês transmitiram em seus discursos....bjaoo
a todos e todas, amamos muuuuuito vocês!
Cá entre nós, eles(as) não ficaram
lindosssss(as)?
Confiram aqui mais fotos
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O Último Discurso
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não
pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se
possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por
que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para
todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A
cobiça envenenou a alma do homem ... levantou no mundo as muralhas do ódio ...
e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A
máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos
conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de
humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem
essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas
é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal
... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de
pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres,
criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera
inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A
desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em
agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os
homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo
arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a
liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos
escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos,
as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo,
que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano
e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina!
Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só
odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo
capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não
de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós,
o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar
felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de
fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos
desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom
que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança
à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só
mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se,
porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as
fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por
um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura
de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O
sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a
luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão
acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do
homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da
esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos.
Charles Chaplin