segunda-feira, 30 de abril de 2012

Como? ...


...Ela é como dívida que ele mantém com a vida, ou que a vida mantém com ele. Não pode morrer sentindo o que sente por ela. Como se fosse um desperdício que esse amor se desintegre e vire pó como sua carne e seus ossos.
            Mas como poder arrancá-lo de dentro de si? Não há maneira. Já pensou e repensou, mas não há maneira. Uma carta? Essa opção tem o atrativo da distância, de não ver o rosto dela incrédulo, ou pior, ofendido, ou pior, compadecido, ao tomar conhecimento. Apresentar-se e dizer tudo cara a cara nem sequer figura entre as opções...



Livro: O segredo dos seus olhos, Eduardo Sacheri, p.90

domingo, 29 de abril de 2012

Sem arrependimentos...


E, no entanto, não havia nada que se arrepender. Fizera alguma coisa. Ele fora alguma coisa. Suas lembranças não tinham se esfumado, como se costumava dizer. Nada disso. Suas lembranças eram como uma aquarela que tivesse sido exposta a chuva. As cores tinham se misturado, o desenho estava mais abstrato, ainda interessante, mas já com estrias escurecidas onde a água, em sua passagem, arrastara consigo um excesso de cores.
Livro: A jogadora de xadrez, Bertina Henrichs, p.148

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A vida real

imagem aqui

“Você é um adolescente que não sabe o que quer, nem a quem ama. Sua mente está povoada de visões, sonhos e metáforas. No cinema tudo se resolve na maior facilidade, mas a vida real é infinitamente mais complicada. As imagens não têm nenhuma importância, um hambúrguer é só um hambúrguer, e um sonho é só um sonho.”

Livro: Cotoco, John van de Ruit, p.297

terça-feira, 17 de abril de 2012

O último discurso - Charles Chaplim


Se você pensa que os jovens e adolescentes não gostam de participar? Engano seu. É só dar uma oportunidade para eles se expressarem que imediatamente os colaboradores aparecem. Fato este ocorreu recentemente no Colégio Estadual de Dois Vizinhos, quando os educadores da biblioteca tiveram a iniciativa de oportunizar aos estudantes, a participarem da Hora da Leitura, com uma ação diferente, tornando este momento mais significativo e interessante.

Para dar significado expressivo ao momento, foram convidados os estudantes que caracterizados de Charles Chaplin leram um dos mais belos textos do século XX, “O último discurso”, que faz parte do filme “O Grande Ditador”, dirigido e estrelado por Charles Chaplin, lançado em 15 de outubro de 1940, satirizando o nazismo, o fascismo e seus propagadores, Adolf Hitler e Mussolini. Foi o primeiro filme falado de Chaplin. O texto se faz, ainda, atual para a reflexão sobre o poder e sobre o futuro das relações humanas.

Fonte: Redação do CEDV.






Alunos(as) amados(as) do Colégio Estadual de Dois Vizinhos, que toparam desenvolver essa tarefa junto conosco, foi maravilhoso ver e sentir a emoção que vocês transmitiram em seus discursos....bjaoo a todos e todas, amamos muuuuuito vocês!

Cá entre nós, eles(as) não ficaram lindosssss(as)?   






Confiram aqui mais fotos
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https://picasaweb.google.com/labinfocedv/AulaDeLeituraDiscursoCharlesChaplin



O Último Discurso

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ... levantou no mundo as muralhas do ódio ... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina!
Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos.
Charles Chaplin

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Superar...


“Vai superar essa dor, pode ter certeza, e ainda por cima se tornará um homem melhor por causa dela.” E com um tapinha nas costas, emendou: “Tenha boas férias você também, e lembre: em caso de dúvida, continue lendo. Os livros nunca deixam a gente na mão.”

Livro: Cotoco, John van de Ruit, p.386

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Poder de escolha


 “Lembre-se menino: Deus nos deu o maior presente de todos. Não estou falando de amor, nem de saúde, nem de beleza, tampouco da vida. Estou falando do poder de escolha. É esse o maior presente que Deus nos deu”.
Não sei direito por que me lembrei dessas palavras ali no alto da colina. Talvez quando eu crescer elas venham mudar meu jeito de ver as coisas e o mundo, mas por enquanto tenho a impressão de que Deus muitas vezes não dá escolha nenhuma: distribui as cartas, e é com elas que a gente tem de jogar.

Livro: Cotoco, John van de Ruit, p.389